Passo da misericórdia
Acordei
e sonhei ver-te partir
lembrei-me de te ver partir
de todas as vezes que te vi partir
de todos os “adeus”
de todos os últimos beijos
de todas as singelas lágrimas vertidas
lembrei-me daquele pequeno passo
que dói tanto
aquele primeiro passo atrás
o primeiro afastar
o início da distância que aí vem
o crescer desse naco de espaço
o agigantar
o primeiro segundo duma eternidade
que acabará com a dor
esse primeiro passo
em que voltamos costas
sem haver rancor
em que contamos segredos
suspiramos confidências e revelações
que ficam a meio
e esperam por certezas no retorno
aquele passo de soslaio
o passo da consciência
que nos diz “Vai!”
o passo da loucura
que nos diz”Fica!”
aquele primeiro passo
do último momento
o passo que nos leva o perfume
o cheiro dos cabelos
e o tilintar dos brincos
o passo atrás
que descola os corpos
como quem arranca as raízes à terra
o passo do momento
em que as mãos deslizam das costas
agarram os cotovelos e voltam a deslizar
aquele primeiro imenso segundo
que depois parece nunca ter existido
aquele primeiro segundo
em que as palmas flutuam
o momento das mãos húmidas
o último dos primeiros segundos
em que dedos tocam dedos
e a atracção não os deixa partir
o momento da faísca
a fracção da anti-descarga electro-estática
que dói, mas é do partir
dói no coração o que fugiu das mãos
E o momento seguinte
o da primeira lágrima
o que durará sempre tempo demais
o que durará uma eternidade
que pode nunca acabar com a dor.
e sonhei ver-te partir
lembrei-me de te ver partir
de todas as vezes que te vi partir
de todos os “adeus”
de todos os últimos beijos
de todas as singelas lágrimas vertidas
lembrei-me daquele pequeno passo
que dói tanto
aquele primeiro passo atrás
o primeiro afastar
o início da distância que aí vem
o crescer desse naco de espaço
o agigantar
o primeiro segundo duma eternidade
que acabará com a dor
esse primeiro passo
em que voltamos costas
sem haver rancor
em que contamos segredos
suspiramos confidências e revelações
que ficam a meio
e esperam por certezas no retorno
aquele passo de soslaio
o passo da consciência
que nos diz “Vai!”
o passo da loucura
que nos diz”Fica!”
aquele primeiro passo
do último momento
o passo que nos leva o perfume
o cheiro dos cabelos
e o tilintar dos brincos
o passo atrás
que descola os corpos
como quem arranca as raízes à terra
o passo do momento
em que as mãos deslizam das costas
agarram os cotovelos e voltam a deslizar
aquele primeiro imenso segundo
que depois parece nunca ter existido
aquele primeiro segundo
em que as palmas flutuam
o momento das mãos húmidas
o último dos primeiros segundos
em que dedos tocam dedos
e a atracção não os deixa partir
o momento da faísca
a fracção da anti-descarga electro-estática
que dói, mas é do partir
dói no coração o que fugiu das mãos
E o momento seguinte
o da primeira lágrima
o que durará sempre tempo demais
o que durará uma eternidade
que pode nunca acabar com a dor.
NMS
27/10/2005
